segunda-feira, 31 de outubro de 2016

1915-2015: Os melhores filmes de sempre (nota introdutória)



Não ignoramos que a primeira projeção cinematográfica para o público ocorreu em 1895, em Lyon, França, com a saída dos trabalhadores e das trabalhadoras da fábrica dos irmãos Louis e Auguste Lumière. Também não ignoramos que o público se assustou no ano seguinte quando Auguste Lumière mostrou a chegada de um comboio a La Ciotat! E também não ignoramos outros filmes e nomes incontornáveis: George Méliès, George Albert Smith, Enoch J. Rector, Edwin Stanton Porter, Charles Tait, entre outros. Talvez regressemos mais tarde aos primeiros 20 anos do cinema (1895-1914), mas tomámos a decisão de começar por fazer uma viagem de 101 anos com 101 filmes. Não 1001, mas 101, porque as primeiras longas-metragens começaram há cerca de 101 anos. 

Que critérios usámos para escolher os melhores filmes de sempre? Subjetivos, seguramente, como são todos os que se dão à tarefa de glorificar obras de arte. Simplificando, os 101 filmes que escolheremos decorrem sobretudo das opiniões relativamente consensuais da crítica internacional. Servimo-nos de inúmeras listas dos melhores filmes de sempre (embora nunca tenhamos visto uma lista como a nossa - um filme por ano -, há vários Top-100 dos melhores de todos os tempos), de múltipla bibliografia sobre a História do Cinema e recorremos igualmente às listas de premiados dos The Oscars e dos festivais de cinema mais prestigiados: Cannes, Veneza, Berlim... Se nos enganarmos, não será por muito.

O nosso olhar crítico também ajuizará os vários filmes em contenda. Nalguns casos, é possível que escolhamos num ou noutro ano o filme que porventura merecia mais o 2.º do que o 1.º lugar, mas cremos que interessa mais apresentar um novo realizador desconhecido do nosso público do que assinalar um segundo ou mesmo terceiro filme doutro realizador mais consagrado. Concomitantemente, tentaremos igualmente destacar filmes de vários géneros para mostrar o quão multifacetada é a Sétima Arte.

Apresentamos de entrada 12 filmes, o primeiro e o último da lista (1915 e 2015) e os que abrem cada uma das 10 décadas (1920, 1930,... 2010). Restam-nos cerca de 90 filmes, que apresentaremos nos próximos meses. Estes 12 filmes são da autoria de realizadores nascidos nos Estados Unidos da América (3), em Itália (2), em Espanha, em Inglaterra, na Austrália, na Alemanha, no Império Austro-Húngaro, no Irão e na China. Será assim tão surpreendente?

A título exemplificativo, se escolhêssemos os melhores jogadores de futebol da atualidade, não escolheríamos um português, um argentino, um brasileiro, um uruguaio, um espanhol, um alemão, um holandês, um francês, um polaco, um croata, um galês? Voltando à arte (à literária, neste caso), se fizéssemos o mesmo exercício com os maiores de sempre, não haveria por certo um inglês (Shakespeare), um irlandês (Joyce), um alemão (Goethe), um russo (Tolstoi/Dostoievski), um francês (Flaubert/Baudelaire), um italiano (Dante), um espanhol (Cervantes), um português (Camões/Pessoa), um argentino (Borges), um norte-americano (Whitman)? Por que haveria de ser diferente no cinema, uma prática artística internacional? O mundo do cinema não começa (dado histórico) nem acaba em Hollywood. Sempre houve enormes realizadores norte-americanos e grandes filmes nos E. U. A. (começamos a nossa lista com um desses filmes), mas não ignoremos o cinema oriundo doutros países e continentes. Desloquemos um pouco o olhar da televisão e procuremos também na Índia, no Japão, na Rússia, na Suécia, na Hungria, em Itália, em França e noutros países cinema tão bom como o melhor cinema norte-americano. Boa viagem!

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